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Criptomoedas: Desvendando o Potencial e os Riscos desse Universo

Criptomoedas: Desvendando o Potencial e os Riscos desse Universo

13/10/2025 - 22:35
Robert Ruan
Criptomoedas: Desvendando o Potencial e os Riscos desse Universo

O universo das criptomoedas transformou-se de um experimento digital em um fenômeno global capaz de movimentar trilhões de dólares. Investidores, governos e entusiastas acompanham atentamente cada oscilação de preço e cada avanço regulatório, buscando equilibrar oportunidades e precauções.

Introdução ao Fenômeno Cripto

Em 2009, com o lançamento do Bitcoin, deu-se início a uma revolução financeira sem precedentes. Essa inovação tecnológica trouxe o conceito de transações sem intermediários, baseadas em protocolos abertos.

Desde o surgimento do Bitcoin em 2009, o mercado descentralizado de ativos digitais se consolidou como uma alternativa aos sistemas tradicionais. Em poucos anos, surgiram centenas de criptomoedas, ou criptoativos, cada um com funções e propósitos distintos.

Como Funcionam as Criptomoedas

No coração de toda criptomoeda está a blockchain como registro público inviolável. Trata-se de um livro-razão distribuído que valida e armazena cada operação em blocos criptografados.

Em vez de confiar em bancos ou órgãos centrais, a ausência de um órgão central garante que a rede seja mantida por nós (computadores) em todo o mundo.

As transações exigem pares de chaves criptográficas, sendo uma pública para recebimento e outra privada para autorização de envios, o que garante elevada segurança, desde que o usuário proteja suas chaves corretamente.

Crescimento Global e Brasileiro

O mercado global de criptomoedas passou de poucas centenas de milhões em 2013 para mais de dois trilhões de dólares em 2021, com picos de capitalização que chegaram a US$ 3 trilhões.

O volume de negociação atingiu trilhões de dólares em valor de mercado global nos últimos anos, refletindo a forte adoção institucional e de varejo.

No Brasil, estima-se que mais de 10 milhões de pessoas tenham se cadastrado em exchanges, posicionando o país entre os cinco maiores mercados de criptoativos da América Latina. O interesse brasileiro se intensificou a partir de 2020, impulsionado pela instabilidade cambial e a busca por alternativas de investimento.

Corretoras nacionais relatam um volume expressivo de operações diárias, com usuários aproveitando tanto oportunidades de investimento quanto serviços de remessas internacionais com custos reduzidos.

Benefícios e Potenciais

  • Descentralização e autonomia financeira
  • Rapidez e baixo custo em transações internacionais
  • Acesso a serviços bancários para pessoas “desbancarizadas”
  • Proteção cambial e reserva de valor
  • Inovação para microempreendedores e novos negócios digitais

Além disso, criptoativos podem ser usados como colateral em plataformas de finanças descentralizadas, criando possibilidades de crédito sem intermediários tradicionais.

Riscos e Desafios

  • Volatilidade extrema e oscilações abruptas
  • Vulnerabilidade a golpes, fraudes e ataques hackers
  • Uso em lavagem de dinheiro e crimes financeiros
  • Perdas irreversíveis por falha de segurança
  • Falta de educação financeira entre usuários

Casos emblemáticos como o colapso de stablecoins algorítmicas mostraram que bastam falhas de governança para prejuízos bilionários em poucos dias, levando o Brasil a proibir esse modelo de emissão.

Novo Marco Regulatório Brasileiro

Publicada em novembro de 2025, a nova legislação entrará em vigor em fevereiro de 2026, com prazo de adequação até novembro do mesmo ano.

Com o novo marco, a supervisão direta do Banco Central passa a ser obrigatória para todas as exchanges e prestadoras de serviços de criptoativos. Foram criadas as categorias PSAV e SPSAV, que exigem autorização formal e estrutura de governança robusta.

Os requisitos de capital mínimo variam de R$ 10,8 milhões a R$ 37,2 milhões, dependendo do porte e das atividades da empresa, garantindo fundos de reserva para eventuais incidentes.

As regras visam combater crimes financeiros e proteger investidores, alinhando o Brasil a padrões do GAFI e da OCDE.

Obrigações Fiscais e Compliance

A Receita Federal ampliou seu escopo de fiscalização, exigindo que exchanges estrangeiras que atendam brasileiros reportem movimentações de clientes.

Foi instituída a Declaração de Criptoativos – DeCripto, cujo objetivo é padronizar informações e coibir evasão fiscal.

Impactos no Mercado e Perspectivas

A expectativa é que a maior segurança jurídica atraia investidores institucionais, fortalecendo a liquidez e a credibilidade do setor.

Exchanges e prestadoras de serviços terão de aprimorar seus controles internos e políticas de compliance para atender às exigências do Banco Central, promovendo um ambiente mais transparente.

Empresas brasileiras poderão expandir operações no exterior com base em padrões sólidos de governança e tecnologia da informação.

Tendências e Inovações Futuras

  • Integração com sistemas bancários e remessas internacionais
  • Tokenização de ativos reais e novas stablecoins
  • Debate sobre real digital e moedas digitais de bancos centrais
  • Avanço das finanças descentralizadas (DeFi) e NFTs

Adicionalmente, projetos de CBDC (Central Bank Digital Currency) caminham para testes em diversos países, elevando o debate sobre privacidade versus transparência em ambientes digitais.

Considerações Finais

O universo das criptomoedas oferece um leque de oportunidades para quem busca inovação, proteção patrimonial e novos modelos de negócios. No entanto, é essencial entender os riscos envolvidos e acompanhar de perto o ambiente regulatório.

Com a nova legislação brasileira, o setor ganha maturidade, mas requer estudo, cautela e responsabilidade por parte de usuários e empresas. Investir em conhecimento e segurança é o primeiro passo para aproveitar ao máximo esse universo em constante transformação.

Robert Ruan

Sobre o Autor: Robert Ruan

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